Você precisa assistir Tokyo Godfathers


Sé você não sabe a referência,
não teve infância 
   Moradores de rua, um alcoólatra, uma adolescente rebelde, uma travesti e um bebê, esses foram os ingredientes escolhidos para criar o filme perfeito, isso mesmo, não tem elemento X! (sé é que vocês entenderam a referencia). Se você ainda não assistiu Tokyo Godfathers, corre pra ver! você não sabe o que ta perdendo; o filme tem de tudo, vibes natalina, bebê, show de drag, drama e ação, diversidade é mato.

Vou fazer uma pequeno review do filme, sem spoiler, só quero atiçar sua curiosidade e falar de alguns personagens. 

Sobre Tokyo Godfathers

    Tokyo Godfathers "Padrinhos de Tokyo" no Brasil, é um longa animado produzido por ninguém menos que Satoshi Kon, mesmo diretor e roteirista de Paprika, Millennium Actrees, Perfect Blue, entre outros; ou seja, o cara é a diva da dramatização psicodélica dos animes. O filme conta a história da trajetória de três moradores de rua; um alcoólatra de meia idade, Gin (Emori Toru); uma travesti e ex-drag queen, Hana (Umegaki Yoshiaki); e uma adolescente revoltada, Miyuki (OkamotoAya), que encontram um bebê em uma lixeira na véspera de natal, e partem a procura de seus pais. O achado do bebê desencadeia vários acontecimentos extraordinários na vida dos três personagens, fazendo com que os mesmos pensem sobre suas vidas antes de suas situações atuais, pondo em pauta questões familiares, e em contrapartida abordando temas como descriminação, alcoolismo, preconceito entre outros fatores sociais (a trama do filme é tão boa, que a procura da família do bebê pelos mendigos, deixa de ser a premissa principal, para da espaço a trajetória e a história passada dos personagens).

Hana mostrando que é claramente do
signo de touro
    O primeiro fator que pode ser analisado, é a questão simbólica da data comemorativa do natal, que traz atona todo uma relação familiar de lembranças da vida das pessoas, porem a relação dos personagens com essa data que pra muitos é um dia de união, não passa de uma data oportuna para obter alimento oferecida pelas instituições de caridade, (eles têm preocupações muito maiores do que se preocupar com o sentido simbólico da data de natal, né nom?), porém com a chegada do bebê sentimentos antigos de suas vidas são trazidas de volta, não fazendo a trajetória da historia ser meramente sobre a busca dos pais do bebês, e sim das relações dos personagens entre si, entre a sociedade e seus antigos familiares.

     A personalidade dos personagens são complexas, cheio de sentimentos humanos, Tipico das criações do Satoshi Kon, assim como a fotografia, em que muda dependendo da tensão da cena; Por exemplo, ele utiliza paletas de cores e mudanças na animação para definir o tom em cenas dramáticas (mais escuro) e de humor (mais colorido).

Flash back de Hana como drag, perceba que como
se trata de uma lembrança boa, contem cores vibrantes
     Gostaria de falar de todos personagens, mas separei um que particularmente me interessou, a Hana; por ela ser um personagem LGBT não poderia deixar de focar exclusivamente nela e perceber certas construções. Hana é uma personagem forte com personalidade, carinhosa e materna (uma mãezona), que por ser travesti é excluída e julgada pela sociedade, essa exclusão, juntamente com seu histórico de abandono (ela  foi abandonada pelos pais) a põe em uma imediata ligação de apego e responsabilidade com o bebê; por ter sido abandonada, Hana não quer que o bebê passe pela mesma situação que ela, em um determinado momento do filme ela fala:"Não quero que ela passe de um orfanato a outro sem nem sequer uma lembrança de ter sido amada" provavelmente situação que ela mesmo teve que passar.

   Outra coisa que não pude deixar de notar, foi a sua construção como travesti. É muito complexo falar sobre isso, o próprio diretor deve ter tido dificuldade de representa-lá, pois o mesmo sem ter ligação ou saber realmente o que é ser travesti, deve ter se confundido um pouco na representação; sem querer jogar esteriótipos de gênero ou julgar o trabalho do diretor, eu realmente não consegui identificar se a personagem é uma travesti ou uma trans; em certos momentos, a necessidade dela ser reconhecida como mulher, me faz crer sem vias de dúvidas que ela é trans; em outros não necessariamente; porem na sinopse do filme atribuem a ela como ex-Drag Queen, deixando sua representatividade a cargo da visão de quem assiste. Bom, não vamos questionar o tipo de representação que o autor quis colocar a personagem, mas não pude deixar de notar isso.

   Resumindo, o filme é maravilhoso, a trajetória dos três personagens juntamente com o achado bebê, faz com que os mesmos transgridem os esteriótipos de uma família "tradicional" rompendo com necessidade de laços sanguíneos, sociais e sexuais. Assista o filme para saber mais, clique aqui para assistir.

    Espero que tenham gostado do pequeno review. Assistam o filme; se já assistiram, comentem ai em baixo, curtam e compartilhem. Beijos e até mais!

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