Não é sempre que o Brasil se aventura na ficção científica





Gente para tudo!!!

     
Você disse 3%?
 Eu to no chão com essa série maravilhosa, estou 8 horas deitado na cama assistindo esse negócio; esse 3% está tomando 100% da minha vida! até que enfim acabei e venho aqui escrever pra vocês o que eu achei. Tudo bem, tem muitos erros, porem vamos por partes.

      3% é a primeira série brasileira a ser exibida e produzida pela Netflix; antes de avaliar a série, queria indagar umas coisas importantes:

▪️Primeiro: acho muito corajoso da parte deles investirem em uma série de ficção cientifica, ainda mais produzida no Brasil
Sobre o piloto de 2011

Série 3% de 2011
       Estou ouvindo muita gente reclamando e dizendo "Essa série se parece muito com Jogos Vorazes, Divergente, Black Mirror bla bla bla" Não é bem assim, 3% é uma série idealizada e produzida (sim ela já foi produzida) em 2011 dirigido por Jotagá Crema, Daina Giannecchini e Dani Libardi e produzida pela Maria Bonita Filmes. O livro do Jogos Vorazes só foi lançado em 2008, divergente 2011 e outras distopias muito mais tarde; o criador de 3% pode ter se baseado sim em Jogos Vorazes, assim também como em outras obras distópicas clássicas anteriores a ela; falado isso não podemos deixar de lado a tamanha originalidade e visão que esse cara tinha na hora da criação dessa série.

         A serie foi lançada em 2011, imagino que a ideia dela deve ter vindo muito antes, mas como estamos no Brasil, não se tem muitas oportunidades nem investimento para a produção de coisas novas; para vocês terem uma ideia, a produção do episódio piloto do 3% de 2011 só foi possível pelos recursos obtidos através do edital do FICTV/Mais Cultura. foda né?

Episódio piloto da série de 2011 abaixo, pra quem tiver interesse.


     Não é atoa que a Netflix deu uma oportunidade para a produção dessa série, a ideia é muito boa! Tem muitas coisas que analisei nesse episódio e que achei até melhor do que a versão de 2016, como o figurino; que é futurista meio minimalista (igual a dos outros do "lado de lá"), porem não tão limpo; já o figurino do de 2016 é muito artificial, com rasgados e sujeiras pensadas (que da pra ver que foram sujas de proposito) causando uma falta de realismo; eu acho que eles estavam tão preocupados em diferenciar e de mostrar claramente para o telespectador a situação de segregação do "lado de lá" com o "lado de cá" que eles exageraram muito caracterização dos personagens.

Momento do discurso 3% 2011
       Outra coisa que eu achei legal, foi a fotografia mais sombria, porem, a fotografia do novo também é boa, não posso negar; inclusive adorei o focar e desfocar dos personagens dando mais tensão a cena, e a centralização dos personagens juntamente com a arquitetura moderna das instalações onde ocorre as provas.´Em contraposição a nova série trouxe muitas novidades, além do belo uso dos efeitos especiais (fizeram o melhor que podiam usando CGI) eles também adicionaram um toque Black Mirror na série, colocando um tipo de obscuridade disfarçada de simpatia; um exemplo disso é a forma que o Ezequiel interpretado por João Miguel de 2016 e o "comandante" de 2011 pronunciam o discurso; o primeiro fala com um tom mais amigável, dizendo "vamos cuidar de vocês", "vai dar tudo certo" (falsiane sim!), diferente do de 2011 que se pronuncia de forma mais grosseira, reprimindo os participantes da seleção (gostei mais desse) Clique aqui pra ver essa parte. Observei também a presença de vários atores do piloto, presentes na série de 2016, interpretando outros personagens.


Sobre 3% de 2016

Michelle, personagem de  Bianca Comparato
        Gostei da série e vou defende-la! a premissa dela é maravilhosa; ela ironiza e faz analogia muitas vezes a situações históricas é atuais da sociedade e politica brasileira; como a ditadura (a forma de tortura é a mesma usada no regime pelos militares). Outra coisa, além da situação das pessoas na pobreza (morando em uma favela, esteticamente falando) e divisão de classes; são as provas, que fazem analogias a uma porção de coisas que acontecem na sociedade contemporânea. A primeira prova pode ser vista como uma entrevista de trabalho (a avaliação psicológica, e o poder do outro de aceitar ou não o candidato muitas vezes pela sua simpatia ou falta dela), todas provas em si me lembram o vestibular, põe em pauta as cotas, a meritocracia; põe em questionamento também a quela velho ditado que todos já ouvimos na escola "Somos todos iguais" com o "Você é criador do seu próprio mérito!" do Ezequiel. Também há referencia a religião, colocando os que acreditam no processo e no "casal fundador", como religiosos; mostrando como o filho do pregador dos que creem no processo, o Fernando, interpretado por Michel Gomes, reage ao se deparar com uma seleção injusta e contraria daquilo que ele sempre ouviu falar do pai. Acho legal também a forma que eles colocam os personagens na trama, não tendo maniqueísmo algum (ninguém é vilão, ninguém é mocinho), havendo muitas vezes uma dualidade no questionamento dos dois lados do sistema e da sociedade (Maralto e Rebeldes da causa).

Júlia ❤️
    Sobre a atuação, eu achei muito difícil de analisar, por terem muitos atores que fazem seus papeis da melhor forma possível (pois, a América latina é conhecida por suas novelas, sendo assim, a forma de atuação desses atores são completamente diferente dos atores americanos em suas séries). Eu gostei basicamente de todos principais, mas as únicas personagens que eu não vi quase nenhuma falha foi a da e Júlia interpretada por Mel Fronckowiak, (que no quinto episódio faz a linha crazy in love Beyoncé misturado com uma depressão, queria estar morta, Lana Del Rey Ultraviolence, tendo vários flash back, e uma trilha maravilhosa de "Maria Bethânia" compondo o enredo. De longe melhor episódio). Outra que gostei foi a personagem Joana de Vaneza Oliveira (diva, inteligente, sofredora e decidida); as duas personagens praticamente tem a mesma personalidade forte, porem questionam o sistema por motivos diferentes.

Joana ❤️
          Por ser uma série brasileira, achei legal o uso da trilha sonora com músicas nacionais, usando Elza Soares "A Mulher do Fim do Mundo" como música tema da Joana (tudo a ver!); a diversidade do elenco também é admirável, havendo negros e brancos nas mesmas proporções, tendo até diversidade sexual (vida sexual ativa do cadeirante Fernando, mostra também troca de afeto de um casal gay nos últimos episódios), diferente do piloto de 2011 que só tem brancos e pessoas comprido seus papeis dentro do esteriótipo. Bom, a série deixou um pouco a desejar, mas no geral ela é muito boa; um belo começo para introdução de séries brasileiras de reconhecimento internacional. Trailer da série abaixo:


E vocês? o que acharam da série? Comentem ai! Curtam e compartilhem; beijos e tchau!

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