O Conceito Filosófico de Instituição em Divergente



    Oi gente! Recentemente venho pensando o que devo publicar no blog; fazer um recorte especifico é importante, mas que regra me impede de postar conteúdos diferentes. Por isso tive a ideia de pegar meus antigos artigos de história, curso que estou graduando; que coincidentemente tem em sua maioria temas voltado a cultura pop e sua construção (me esforço ao máximo para pegar temas que desdobram pra esse lado). Para postar esses artigos, tive que adaptar os mesmos em uma linguagem menos coloquial, a tarefa não é fácil, porem acho que vai ter um resultado legal. Então ai vai um artigo que fiz em 2014 sobre Divergente; espero que gostem.


O Conceito Filosófico de Instituições em Divergente

Capa do Livro Divergente
     
Quando li a tese de Arnold Gehlen analisando as instituições, fiquei inculcado; logo, como louco problematizado de história, quis aplica-la em tudo; comecei a analisar em livros e animes que havia sempre forte presença das instituições para reprimir ou não. Uma das primeiras ideias que tive quando foi me dado o trabalho de analisar as instituições em filmes foi de analisá-la em Divergente (livro e filme); eu já havia lido o livro e achei super cabível toda a tese do autor há trama pois, o enredo do filme é quase totalmente ligado a questão da instituição e seu questionamento; assim também como o livro, em que a premissa é estabelecido pela mesma problemática. Por isso, ai vai a minha análise sobre o filme e o livro usando como base o conceito de Instituição de Gehlen.

    O texto a seguir tem como objetivo analisar como se dá o processo de absolutização das instituições, aplicando o conceito “instituição/institucionalização” de Gehlen à análise da sociedade distópica de Divergente.


O Conceito de Instituições de Ghelen

    A relação com outros homens nos fez ter a necessidade de criar instituições, não apenas para nos aliviar do peso das escolhas e nos proteger de nossos instintos, mas também para facilitar os convive-os e as identificações dos outros que não nos são familiares.

   Os instintos humanos não são como os dos animais que podem ser previstos pois são fixados, nossos instintos são livres e imprevisíveis cheio de variações, sendo assim a cultura ou instituição separa esses instintos variados e os moldam igualmente para um determinado grupo. Aliviando os indivíduos desse grupo pertencente das varias decisões e de suas sobrecargas dando a eles opções dentro desses grupos, isto reforça o que Ilse Schwidetzky no verbete da antropologia da Enciclopédia Fischer diz:


“Os Instintos não determinam no homem, como acontece com os animais, o decurso de cada um dos comportamentos fixados. Em vez disso, cada cultura separa da multiplicidade dos comportamentos possíveis certas variantes e as erige em modelos de comportamento socialmente sancionados, que são compromissos para todos os membros do grupo. Esses modelos de comportamento, ou instituições, aliviam o individuo da sobrecarga de decisões e orientam-no através das impressões e estímulos que inundam seu ser aberto ao mundo”.


Personagem Protagonista Tris (Beatrice)

     As instituições tornam possível a segurança e a regulamentação recíproca do comportamento, nelas temos estruturas de regras que nos mesmos criamos, e essas regras os estabilizam fazendo com que os indivíduos nela pertencente encontrem algo com que contar em outras pessoas e neles mesmo. Essas instituições além de fazer seus indivíduos sentirem seguros e descarregados de preocupações e decisões, os moldam para fazer seus membros sentirem que são parte de algo maior e que sem ela não são “civilizados”.


Facções (Instituições)

      A família seria como uma instituição primaria, a primeira a que muitos indivíduos pertencem nesta instituição a responsabilidade e fundamental e suas regras são muitas vezes construídas por sentimentos, insegurança e proteção por parte da família que não deixa de ser uma instituição focada no controle dos instintos de seus membros. Quando um individuo “fere” alguém de seu mesmo grupo tende a ficar culpado e prezo ao o que fez, um exemplo disto seria em uma instituição primaria em que um pai mata seu filho, mesmo não sendo condenado tende a se alto acusar pois uma pai e responsável pelo seu filho. Essa responsabilidade e culpa só seria anulada se a moral de seu grupo fosse diferente ou se esse grupo tivesse alguma forma de “purificação” ou perdão em sua cultura para aliviar o individuo de sua culpa.


Instituição família no filme Divergente

Resumo do filme: Divergente é o primeiro livro de uma trilogia distópica que agora também foi adaptado ao cinema. O principal foco do primeiro livro assim como o filme é fazer com que o leitor entenda o mundo que a autora criou. A sociedade é bem diferente da qual estamos acostumados. É dividida em cinco facções: Audácia, Abnegação, Franqueza, Erudição e Amizade que seriam assim como instituições literalmente cada uma com suas respectivas diferenças em modos, aparecias e regras para se distinguirem, e cada uma tendo sua responsabilidade com a sociedade no seu todo. O sistema de divisão dá conta de profissões como agricultores (Amizade), advogados (Erudição) e guardas (Audácia) entre outros.

Facções do filme Divergente

   Quando um jovem completa 16 anos, ele tem a “liberdade de escolher” opções impostas pelas instituições em qual facção ele ira viver. Mas antes de tomar sua decisão eles passam por testes no qual vai dizer em qual facção “instituição” eles se encaixam mais. Se são corajosos, altruístas, sinceros, inteligentes ou amigo de todos, cada um desses traços os ajudam a se encaixar melhor em cada facção evitando assim diferenças e sendo mais fácil de moldar esses indivíduos a cada “instituição” facção.

    A personagem principal, Beatrice Prior, está com 16 anos e chegou a hora de decidir quem quer ser na vida. Se vai continuar na Abnegação com sua família, ou ir para outra facção deixando de ver para sempre qualquer membro de sua família. Chegou então o dia mais importante da vida de Beatrice, o dia do teste que irá definir seu futuro, mas o que ela menos esperava, era que o teste daria inconclusivo. Assim ela descobre ser um tipo outro, raro, inclassificável e portanto perigoso: ela é uma Divergente. Em resumo, Beatrice carrega consigo características de facções distintas, e o seu destino é um mundo de “possibilidades” - o que no futuro totalitarista do filme é visto como uma ameaça.


As consequências da falta ou falha da instituição família no filme Divergente

    No filme Divergente Beatrice a protagonista Escolhe uma facção diferente a de sua origem assim não só se afastando de sua instituição família, mas também de sua instituição de origem a abnegação. Além de lidar com seu medo de ser divergente e não se encaixar em nenhuma instituição ela ainda tem que passar por provas para ser aceita na sua nova instituição. Ao entrar em sua nova instituição Beatrice se sente insegura, pois os instintos e moralidades aceitos em sua nova facção e totalmente contraria a da sua antiga e ainda mais sendo divergente senti seus instintos ainda mais difíceis de controlar e serem moldados apresentando assim ameaça a ela mesma de se por em perigo, pois cada individuo das respectivas facções que não são divergentes seguem as mesmas regras e são facilmente moldados e são menos imprevisíveis ao contrario de Beatrice.


Como o Filme prova que a tese de Gehlen está certa

    Impotente e sem o auxilio da família Beatrice vê que o único jeito de aliviar sua sobrecarga e instabilidade é se encaixar a sua nova facção, pois ela acredita que sem uma facção ela não será “nobre”, isso reforça a teoria de Gehlen de que o individuo se acha confuso, sem segurança e sem uma estrutura de regras quando não pertence a uma instituição. Beatrice assim tentando sair de seu conflito, e coloca sua nova facção como base artificial de paz, acreditando assim em uma estabilidade e segurança mesmo que ilusória.


    Ao mesmo tempo uma facção a erudição quer reforma o sistema social em que Beatrice vive se declamando a instituição mais apta a governar por serem considerados mais inteligentes, assim controlando a facção nova de Beatrice a Audácia que são em grande parte militares, nisto Beatrice não e controlada por ter seus instintos imprevisíveis e não moldado apenas a uma instituição, e assim ela luta contra essas mudança como uma “rebelde”. Essa reforma afirma mais uma teoria, a do “desenvolvimento” a “massagem” das causas a longo prazo, que quando se inicia todos os indivíduos da instituição que se esta mudando se sentem com medo e inseguros e tudo se desestabiliza deixando de se assimilar regras, isto coincide com a observação biológica de Eibl- Eibesfeldt “que a desordem social libera a agressão contra os membros do grupo” e é isto que acontece no final do filme a desestabilidade das instituições sociais que culmina em uma guerra.

Protagonista, personagem Tris (Betrice)



REFERÊNCIAS 

GEHLEN, Arnold. Instituição: GEHLEN, Arnold. Anthropologische forschung. Zur Selbstbegegnung und Selbstentdeckung des Menschen. Rowohlt, Munchen, 1961. Edición española: Antropologia Filosófica. Del encuentro y descubrimiento Del hombre por sí mismo. Barcelona: Editorial Paidós, 1993. LORENZ, Konrad. Decadencia de lo humano. 

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